domingo, 11 de julho de 2010

O polêmico Gustavo Corção

A Coleção Melhores Crônicas da Global Editora - dirigida por Edla Van Steen - acaba de mandar para as livrarias um volume trazendo as de Gustavo Corção (1896-1978). Luiz Paulo Horta, que selecionou os textos e escreveu o prefácio, faz um perfil honesto e acurado do autor, destacando que ele foi tudo, menos politicamente comportado. "Na história moderna do catolicismo brasileiro", escreve ele, "Gustavo Corção é sinônimo de polêmica. Ele se tornou um escritor "maldito", por suas críticas à Igreja que emergiu do Concílio Vaticano II, e por suas posições políticas (defendeu o regime militar instalado em 1964).
Por aí o leitor já percebe a "zorra" que esse autor provocou à sua volta. Misturou marxismo e cristianismo, desviou de rota e emergiu da esquerda para uma direita que fez dele um escritor capaz de liquidificar o privado com o público, sendo muitas vezes injusto e cruel em suas matérias de jornal com os inimigos, ou que ele imaginava ser.
Apesar de tudo isso, foi um criador de alto nível, competentíssimo em seus livros. Entre eles, "Lições de abismo", "O século do nada, "Três alqueires e uma vaca." O livro traz trechos com elogios rasgados feitos a ele por Rachel de Queiroz, Josué Montello, Gilberto Freyre, Ariano Suassuna e Nelson Rodrigues. Este era o mais parecido com ele em suas convicções políticas na contra-mão do pensamento de esquerda na época.

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