sábado, 31 de julho de 2010

Chanel - o filme

Quem viu o filme "Coco antes de Chanel", no cinema ou em DVD, e esperava se deslumbrar com os grandes projetos da estilista francesa (1883-1971) se decepcionou. Protagonizado pela atriz Audrey Tautoo e dirigido por Anne Fontaine, o filme gira apenas em torno das músicas cantadas por Chanel nos cabarés de sua juventude e nos seus namoricos - e não foram poucos - assim como os de sua irmã. As duas foram deixadas em um orfanato pelo pai quando a mãe delas morreu.
O filme, que mostra apenas os moderníssimos chapéus criados por ela, não chega ao auge do seu império da moda, sequer cita o célebre perfume Chanel n.5 ( de 1921) e termina antes do episódio tido como desabonador em sua carreira - a sua colaboração com os nazistas durante a ocupação desses na França, na 2a. Guerra Mundial.
Milhares de cartazes do filme mostrando Audrey Tautoo fumando, foram retirados dos ônibus e metrôs na França. Nem Chanel escapa da radical campanha antifumo...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

"Amores Vagos"

"Amores Vagos" é o nome da coletânea que acaba de sair pelo selo Estilingues e reúne trabalhos de um grupo de autores que têm em comum - além do talento - o fato de serem amigos de longa data. São 14 contos falando de amor e assinados por Alexandre Brandão, Cristina Zarur, Miriam Mambrini, Marilena Moraes, Nilma Lacerda, Vânia Osório e Sônia Peçanha.
A apresentação da antologia (que será distribuída gratuitamente, inclusive na FLIP) foi escrita por Luiz Ruffato.
Os autores planejam fazer lançamentos em todo o país. O projeto foi inspirado nos movimentos "Fureur de Livres", na França, e "Bookcrossing", sucesso absoluto na Espanha.

domingo, 25 de julho de 2010

Umberto Eco

O semiólogo e escritor italiano Umberto Eco, autor de livros ensaísticos tidos como "pesados" - "A estrutura ausente", "Obra aberta" e "Kant e o ornitorrinco" - ficou mundialmente famoso com o romance "O nome da rosa" (1980). A partir de então, qualquer livro que ele publica, vira "best-seller". Como este recém-lançado (Ed. Record) "Arte e beleza na estética medieval".
Na linha dos "pesados", o ensaio de 351 páginas - traduzido por Mario Sabino - trata de crises (religiosas, políticas, demográficas) e linguísticas medievais, além de se deter em uma longa reflexão sobre a Renascença. A erudição do autor atravessa todo o livro e se espraia em dezenas de fontes bibliográficas, que vão da Suma Teológica a Dante Aligieri, Giordano Bruno e a estética de Santo Agostinho.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Penguin Books

A editora americana Penguin Books se associou à brasileira Cia. das Letras e o resultado já está nas livrarias - "Por que ler os clássicos", de Ítalo Calvino, um livro de bolso em capa dura. Traduzido por Nilson Moulin, o livrinho de 53 páginas traz dois ensaios, o do título do livro e "As odisseias na Odisseia."
Para o autor italiano, ler um grande livro pela primeira vez na idade madura é um prazer extraordinário; diferente se comparado a uma leitura da juventude.
No segundo ensaio, Calvino crava fundo logo no início - "Que Ulisses era um mistificador, já se sabia antes da Odisseia. Não foi ele quem inventou o grande engodo do cavalo?"
O cavalo, no caso, é - claro - o de Troia...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Jazz Band na Sala da Gente

Primeiro romance do paulista Alexandre Staut, "Jazz Band na Sala da Gente" (Toada Edições) tem sua ação transcorrida em uma cidadezinha do interior paulista na época da Segunda Guerra Mundial. O curioso da trama (e que lhe dá ares de Realismo-Fantástico)é que essa cidade de ficção na verdade é a mesma onde nasceu o autor, Espírito Santo do Pinhal.
Outro elemento que mistura ficção e realidade no romance é o personagem Eduardinho Staut, músico e avô paterno do autor. O Pinhal Jazz, por seu turno, é uma banda que se integra ao romance, dando o toque musical à história cujos personagens centrais vêm de uma família formada por um flautista alemão-judeu e uma italiana.
Geraldo Simões, um historiador especialista em diáspora, assina a 'orelha' do livro, aborda a questão das transformações políticas e sociais do país na época retratada e considera o livro ao mesmo tempo tragicômico e comovente.
Alexandre Staut, de 1973, é também um adepto da gastronomia e trabalhou em cozinhas de vários restaurantes ingleses e franceses. Hoje, o seu tempero fica somente na literatura.

sábado, 17 de julho de 2010

Clarice Lispector inspira saxofonista

Os críticos musicais afirmam que o artista, quando lança quatro discos de uma vez, está correndo o risco de implodir sua carreira. Parece que o saxofonista Ivo Perelman ignorou o aviso porque acaba de lançar exatamenter quatro cds em Nova York. E com um agravante - trazendo títulos de obras literárias nas capas.
As obras, no caso, são de Clarice Lispector, uma autora tida como "difícil" e que o músico descobriu em sebos americanos.
Apaixonado pela escritora - como milhares de leitores vinculados quase patologicamente ao seu "pathos" - Ivo Perelman assim titulou seus cds (até agora apenas lançados no exterior) - "The apple in the dark" ("A maçã no escuro"), "The stream of life" ("Um sopro de vida"), "Near to the wild heart" ("Perto do coração selvagem") e "Soulstorm" ("Água viva").
Abstrata e refinadíssima, Clarice ficaria surpresa se soubesse desse pacote, digamos, lítero-musical.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Drummond

Drummond, sempre surpreendente - "Deus me livre de brilhar nos Suplementos Literários."

terça-feira, 13 de julho de 2010

A casa baiana de Zélia e Jorge

Zélia Gattai e Jorge Amado eram uma espécie de Simone de Beauvoir e Sartre tropicais, autores que, aliás, fizeram parte de seu ciclo de amizades. Enquanto Jorge ficou na ficção, Zélia permaneceu exclusivamente no gênero das memórias, narrando, com garra e graça, as vidas de seus pais e avós italianos e de sua grande paixão, Jorge.
Está chegando agora, às livrarias, a reedição de "A casa do Rio Vermelho". Comprada nos anos 60 pelo casal no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, essa casa era uma festa constante, sempre apinhada de amigos (pra citar apenas alguns, Vinicius, Calasans Neto, Carybé, Di Cavalcanti e Neruda) e era também onde Jorge, apesar do entra-e-sai, escrevia os seus livros.
A autora escancara suas portas aos leitores e conta, com elegância e nos mínimos detalhes, como era o dia-a-dia desse lar memorável.

As crônicas de Drauzio Varella

O médico oncologista Drauzio Varella ficou famoso com o livro "Estação Carandiru", onde os personagens principais eram presidiários. A condição humana, ali retratada, está de volta - agora de forma mais amena - nas crônicas deste "A teoria das janelas quebradas". Compaixão e graça são a base deste livro que interage com o grande leque das descobertas cotidianas e põe a nu a indignação do autor quando fala de corrupção política e da indústria do cigarro.
Drauzio Varella dirige, atualmente, um projeto de análise de plantas medicinais amazônicas.

Perfis políticos da revista Piauí

O jornalista e escritor mineiro Humberto Werneck - que até há pouco tempo dirigia, para inveja de seus pares, a revista "Playboy" - tem poucos mas definitivos livros publicados, como "O desatino da rapaziada", "Pai dos burros" e o recentíssimo "O espalhador de passarinhos". Esta semana Werneck publica "Vultos - os melhores perfis políticos da revista Piauí", que traz revelações inusitadas como a de Fernando Henrique Cardoso, que só usa mala de cor berrante; a vaidade exagerada de José Dirceu, que possui em casa um quadro pintado por... José Sarney; a mania de Marina Silva de só escrever com lapiseira e a "vocação teatral" de José Serra, que antes de entrar para a política era galã de peças de teatro. Aliás, para ser um bom político , o cidadão tem mesmo que saber atuar. Nem que seja, no fundo, um canastrão.
Este livro, selecionado e organizado por Werneck, e os dois abaixo são lançamentos da Cia. das Letras neste mês.

domingo, 11 de julho de 2010

Diego Rivera e Frida Kahlo

Esta biografia escrita pelo Prêmio Nobel de Literatura Jean-Marie Gustave Le Clézio abre as cortinas, de par a par, da vida do casal Diego Rivera e Frida Kahlo, os mais destacados artistas mexicanos do século 20. Saindo pela Record, com tradução de Vera Lúcia dos Reis, "Diego e Frida" vem recheado de fotos, revelando os mínimos detalhes da dor e do êxtase em suas vidas e obras, inclusive o envolvimento político deles com a Revolução Comunista e a relação de ambos com Breton e Trotski.
Quando o pai de Frida soube que sua filha ia se casar com o gordo Diego Rivera, de quem não gostava, zombou - "Serão as núpcias de um elefante e de uma pomba."

O polêmico Gustavo Corção

A Coleção Melhores Crônicas da Global Editora - dirigida por Edla Van Steen - acaba de mandar para as livrarias um volume trazendo as de Gustavo Corção (1896-1978). Luiz Paulo Horta, que selecionou os textos e escreveu o prefácio, faz um perfil honesto e acurado do autor, destacando que ele foi tudo, menos politicamente comportado. "Na história moderna do catolicismo brasileiro", escreve ele, "Gustavo Corção é sinônimo de polêmica. Ele se tornou um escritor "maldito", por suas críticas à Igreja que emergiu do Concílio Vaticano II, e por suas posições políticas (defendeu o regime militar instalado em 1964).
Por aí o leitor já percebe a "zorra" que esse autor provocou à sua volta. Misturou marxismo e cristianismo, desviou de rota e emergiu da esquerda para uma direita que fez dele um escritor capaz de liquidificar o privado com o público, sendo muitas vezes injusto e cruel em suas matérias de jornal com os inimigos, ou que ele imaginava ser.
Apesar de tudo isso, foi um criador de alto nível, competentíssimo em seus livros. Entre eles, "Lições de abismo", "O século do nada, "Três alqueires e uma vaca." O livro traz trechos com elogios rasgados feitos a ele por Rachel de Queiroz, Josué Montello, Gilberto Freyre, Ariano Suassuna e Nelson Rodrigues. Este era o mais parecido com ele em suas convicções políticas na contra-mão do pensamento de esquerda na época.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ildeu Brandão reeditado

Está sendo lançada hoje, na Academia Mineira de Letras, a reedição (Ed. UFMG) de "Um míope no Zoo", volume de contos publicado por Ildeu Brandão (1913-1994) pela Imprensa Oficial em 1968. O livro, quando lançado, chamou a atenção de imediato por uma capa notável de Eduardo de Paula.
Ildeu Brandão, que era membro da AML (cadeira 9) foi redator no Palácio do Governo do Estado de Minas Gerais e dirigiu o "Suplemento Literário do Minas Gerais" na décade de setenta. A modulada ficção de Ildeu passa ao leitor uma sólida estrutura narrativa urbana, realista e habilmente inventiva.
Jaime Prado Gouvêa foi o organizador desta coletânea e Rui Mourão assina o prefácio.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Pablo Neruda para jovens

Um dos mais destacados poetas do século XX, o Prêmio Nobel chileno Pablo Neruda está chegando às livrarias pela José Olympio com tradução de José Eduardo Degrazia, numa edição bilíngue organizada por Isabel Córdova Rosa e dirigida aos leitores jovens.
Estes só têm a ganhar com a leitura do metafórico e ( mesmo que o termo esteja seu tanto desgastado) genial poeta. Capaz de escrever( em "Livro das perguntas") coisas do tipo "Se morri e não me dei conta/ para quem pergunto as horas?/Por que as árvores escondem/o esplendor de suas raízes?/ No mundo há coisa mais triste/que um trem parado na chuva?/ Que coisa irrita os vulcões/que cospem fogo, frio e fúria?/ O que faz a mosca presa/num soneto de Petrarca?/Não será a vida um peixe/preparado pra ser pássaro?"
Na revista do Museu da Inconfidência (dirigido pelo escritor Rui Mourão) deste mês está um artigo que, coincidentemente, fala de leilões de arte. Vem assinado pela pesquisadora Christine Ferreira Azzi, que em determinado momento comenta - "Nunca as artes moderna e contemporânea valeram tanto. Leilões de arte atingem valores jamais vistos..."
É a imagem dialética, seja contemporânea ou antiga, se impondo na indústria cultural.

Leilões de arte

Há anos recebo os catálogos de arte da leiloeira carioca Ângela Maltarollo. São peças de impecável bom gosto em papel cuchê e dezenas de fotos de acervos particulares que Ângela recolhe regularmente. É só anunciar que vende tudo em leilões concorridíssimos. O catálogo deste mês continua deslumbrante como os anterioes. São óleos de Portinari e Orlando Teruz, esculturas de Bruno Giorgi, porcelanas Cia das Índias, móveis mineiros em nogueira do século XVIII, samovar de prata inglesa do período George III. Coisa de primeiro mundo em um país que, infelizmente, ainda tem os seus bolsões de pobreza.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A coluna do "General"

O editor do Caderno Ideias, do JB, Alvaro Costa e Silva (por causa de seu sobrenome, semelhante a vocês sabem quem, seu apelido é "General", apelido esse que ele carrega numa boa) assina a coluna Informe Ideias, todos os sábados, no Caderno. Há poucas semanas Alvaro informava que o escritor inglês J.G. Ballard morreu no ano passado e deixou dívidas fiscais em torno de 350 mil libras. A família do autor doou à Biblioteca Nacional do Reino Unido, em troca do perdão, um vasto acervo literário que inclui seus boletins escolares na tenra infância.

O pardal e o chapinha

Agora entramos na área da "birdland". Luciano Sheikk, poeta e prosador premiado, acaba de lançar "O pardal e o chapinha", uma fábula divertida e ecológica que envolve os mecanismos delicados da ética. É literatura infanto-juvenil das melhores, com o aval de Marcelo Coelho, Ronaldo Cagiano e Moacyr Scliar. Mário Quintana surge na epígrafe com o seu célebre "Poeminha do Contra - "Todos esses que aí estão / atravancando o meu caminho, / eles passarão... / eu passarinho !"

domingo, 4 de julho de 2010

O altar das montanhas de Minas

A Ed. Record relançou o romance O altar das montanhas de Minas, do escritor mineiro Jaime Prado Gouvêa após também relançar seu volume de contos Fichas de Vitrola. Jaime está percorrendo as principais capitais do país em tardes e noites de autógrafos bastante prestigiadas.
O autor integra a chamada Geração Suplemento, surgida no SLMG fundado por Murilo Rubião.

Julio Cortázar

Coletânea de textos inéditos de Cortázar saindo pela Ed. Civilização Brasileira, em densas 490 páginas. Os textos foram liberados por Aurora Bernárdez, viúva do escritor. Darei maiores detalhes depois.

Murilo Rubião

Um nome lendário, o escritor mineiro Murilo Rubião acaba de ter sua antologia pessoal, com apenas 33 contos, publicada pela Cia. das Letras. Introdutor do Realismo Fantástico no Brasil, Rubião criou - em 1966 - o "Suplemento Literário do Minas Gerais", que lançou vários autores jovens e editou contos inéditos de Julio Cortazar.

Roberto Piva

O poeta Roberto Piva acaba de deixar órfãos os seus leitores. Um criador da melhor qualidade. Deixa saudades.

Lygia

Lygia Fagundes Telles está tendo todos os seus livros, romances e coletâneas de histórias curtas, editados pela Cia. das Letras. Como em um jogo, saiu Rubem Fonseca, entrou Lygia.